Internet já é a principal fonte para encontrar um advogado nos EUA

Por João Ozorio de Melo

internetEra uma vez um povo que pedia referências a parentes, amigos e colegas de trabalho, quando precisava contratar um advogado. Até 2005 foi assim, garante uma pesquisa da época. Mas já começava a mudar. Hoje, apenas idosos, com mais de 65 anos, buscam advogados pelo boca a boca. A maioria da população, agora, pesquisa primeiro na internet quando precisa de um advogado.

Uma pesquisa feita em 2014 — e só divulgada agora — pelo FindLaw.com e pela Thomson Reuters mostra que os costumes relacionados à contratação de advogados mudaram muito na última década. Em 2005, a rede mundial de computadores era a última opção de busca de advogados. Hoje é a mais popular.

De acordo com a pesquisa, atualmente 38% dos entrevistados declararam que usam a internet em primeiro lugar, para buscar informações sobre advogados. Já 29% pedem recomendações; 10% buscam informações nas seccionais locais da Ordem dos Advogados dos EUA — a American Bar Association (ABA) — e 4% ainda procuraram por advogados nas páginas amarelas da lista telefônica.

Segundo a pesquisa de 2005, antigamente as coisas eram bem diferentes: 65% dos entrevistados disseram, então, que pediam, primeiramente, referências a parentes, amigos e colegas de trabalho; 13% consultavam a seccional local da ABA; 10% consultavam as páginas amarelas; e apenas 7% faziam a busca na internet.

Meio usado Em 2014 Em 2005
Internet 38% 7%
Recomendações 29% 65%
Consultas à Ordem 10% 13%
Páginas Amarelas 4% 10%

Observe-se que o “povo” é o americano. Mas é claro que isso reflete uma tendência mundial. É preciso notar também que a pesquisa trata apenas da primeira opção da pessoa para buscar um advogado, pois se sabe muito bem que as recomendações sempre foram e sempre serão um fator decisivo na contratação de um advogado.

O levantamento reflete apenas parcialmente os esforços de marketing dos advogados e dos escritórios de advocacia, ao se referir à internet. Isto é, website, blogs e artigos publicados publicados certamente exercem um efeito na mente das pessoas.

Os dados ignoram, no entanto, outros esforços de marketing dos advogados, como as ações de relacionamento (networking), o envio de newsletters, as palestras em seminários, workshops, trabalhos em associações profissionais e comunitárias etc.

A pesquisa também deixa de lado o fato de que muitas pessoas consultam parentes, amigos, colegas de trabalho e muitas outras pessoas, algumas que sequer conhecem pessoalmente, através da internet, seja por redes sociais ou por e-mail, conforme reconheceu o pesquisador do FindLaw.com em entrevista ao Jornal da ABA.

Mas, não há dúvidas de que a tendência é clara. Prova disso é discriminação da pesquisa por faixa etária. Como esperado, a internet é o meio mais popular de pesquisa de advogados entre as pessoas mais jovens. Cerca de metade dos entrevistados, na faixa etária de 18 a 34 anos, bem como 41% dos entrevistados na faixa etária de 35 a 44 anos, apontaram a internet como o principal meio de busca de advogados.

Na outra extremidade, se posicionaram os entrevistados com mais de 65 anos. Em maioria, praticamente duas vezes o percentual de jovens, eles ainda preferem pedir referências a alguém, a fim de decidir que advogado deve contratar.

Também foi feita a discriminação entre quem usa computadores e quem usa dispositivos móveis. Por enquanto, os dispositivos como celulares e tablets perdem. Mais de dois terços dos entrevistados declararam que usam um computador para fazer pesquisas sobre advogados, enquanto 15% disseram que usam um tablet e apenas 10% usam um smartphone.

“Ainda não sabemos se as pessoas não usam dispositivos móveis porque suas ferramentas não são tão robustas como as de um computador ou se querem informações mais completas e avaliar melhor os advogados, o que é mais fácil de fazer em um computador”, disse Lee ao Jornal da ABA.

O fato é que advogados e escritórios de advocacia devem ficar atentos. “A internet fornece um método mais rápido, mais fácil e mais meticuloso de encontrar um advogado, em comparação com as demais alternativas”, diz o vice-presidente de desenvolvimento estratégico e audiência da Thomson Reuters, Stephen Noel, em uma declaração em texto divulgado pela organização.

“Os parentes e amigos podem conhecer um número limitado de advogados que, além disso, podem não ser especializados em áreas do Direito nas quais as pessoas precisam de assistência jurídica”, explica.

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